Procuro visitar praias constantemente em minhas viagens ou deslocamentos. Acredito que por nascer e ser criado em uma cultura de praia o espaço de encontro com o mar influencia nos costumes e culturas de cada local. A praia é um lugar de passagem onde matérias vem e se vão com a maré, é o ponto de chegada e de partida, e um espaço que se transforma com a influencia do tempo. A arquitetura que molda as cidades é apresentada de forma controlada e pensada diferente do Brasil onde a grande maioria das cidades primeiro nascem para depois serem pensadas.
Uma praia no final da linha de metro estações como neptune e surf av aparecem . Um bairro projetado dentro do Brooklyn, divido em dois; metade para diversão veranista metade para uma moradia peculiar. Uma tentativa cartesiana de definir a vida em sociedade. Brighton beach onde o metro chega a ceu aberto, passando por cima da avenida principal mistura uma paisagem aberta mas com a força de uma grande cidade, uma provocação urbana na junção com a natureza.
Brighton por ser uma praia projetada em uma cidade de invernos rigoroso me pareceu um lugar para se pesquisar. Sempre que defino um local procuro sobre informações sobre antes de ir visitar. Descubro o bairro é considerado uma “Little Russia”, por ter recebido imigrantes da URSS.
Entre ruídos pessoas pegando sol com casacos, acessos barrados, pedaços de ferro, dejetos urbanos chegando a beira do mar, vento frio, estilhaços de gelo. Faço anotações instantâneas e percebo a influencia russa na organização espacial. Uma desconfiança no ar uma conversa de senhores no Boardwalk . Partes das madeira destruídas pelo ultimo furacão, objetos sem uso, vazias aparições de moradores. Formas arquitetônicas que ha 3 anos esperam ser removidas. Um lugar um tempo alem do homem. Os bairros são organismos vivos assim com as cidades que nascem crescem se transformam e dificilmente morrem. Me utilizo do instantâneo onde a falta de controle na hora de fotografar faz com que tenhamos mais precisão e e rapidez como tocar um instrumento sem ler a partitura, e deixar a percepção nos levar.
Parece que toda tentativa de controlar o espaço da lugar ao caos e novos usos ao bairro, a organização social e urbana é refletida diretamente na paisagem, no lugar dos hotéis resorts dos parques de diversões vemos a destruição causada por eventos naturais e pelo uso humano e o abandono de algumas áreas ao redor. Dando uma nova organização ao espaço, talvez haja alguma ordem dinamica que domina o local.
Brighton Beach funciona como uma metáfora dessa aglomeração social e urbana e do fracasso humano na tentativa de organizar o espaço, esquecendo como a cidade é um espaço dinâmico influenciado diretamente pela sociedade.
NYC março 2015.